quarta-feira, 27 de abril de 2016

O “Lado Cego” do Dr. Frank Garlock


O “Lado Cego” do Dr. Frank Garlock

Traduzido de “Dr. Garlock Misses an Important Point”, por David Cloud.
Publicado pelo Way of Life Literature em 10 de Novembro de 2015.


A questão da música é um enorme problema em Igrejas que creem na Bíblia, e eu pretendo continuar a falar sobre isso enquanto o Senhor permitir. O Senhor me deu bases antecedentes únicas para julgar esta questão, não apenas como um ex-roqueiro, mas também como um músico, pregador, missionário, pai, avô, e pesquisador.

Eu percebo que muitos pregadores Batistas Independentes fecharam seus ouvidos para qualquer coisa que eu tenha a dizer, mas isso lhes pertence, e o Senhor terá a palavra final sobre aquilo que é sábio de sua parte.

Agradeço ao Senhor que muitos milhares de pessoas do Senhor ainda estão ouvindo, e eu ouço de centenas delas, cada ano, aquilo que me concede vontade de manter soando a trombeta que vai de encontro à tendência contemporânea.

Quanto a Dr. Frank Garlock, tema deste artigo, eu agradeço a Deus por ele. Em agosto de 2003, eu publiquei “A Salute to Frank Garlock” (Uma Saudação a Frank Garlock), para enfatizar este ponto. Até onde eu sei, eu li tudo o que ele escreveu e assisti a cada vídeo que ele produziu. Eu não o conheci pessoalmente, mas eu o amo em Cristo. Deus o tem usado de uma grande forma a fim de ajudar as igrejas que creem na Bíblia a entenderem a diferença entre música sacra e música sensual.

Por décadas, eu concedi publicidade gratuita ao Majesty Music


[1], incluindo-o na nossa lista de recursos de música recomendadas. Muitos anos atrás concederam, à minha filha mais velha, permissão para incluir um par de seus hinos no hinário em Nepali, que publicamos e utilizamos em nossas igrejas. E logo na noite seguinte à permissão, em nossa reunião de oração, eu fui abençoado pela canção de Ron Hamilton “Eis-me aqui, Senhor”[2], que foi cantada em Nepalês.

Dr. Garlock ensinou algo que está, obviamente, bem perto do coração de Deus, considerando-se sua ênfase nas Escrituras, e aquilo que o povo de Deus deve aprender a fazer: “diferenciar entre o santo e o profano” (Ezequiel 44:23). Este é um princípio bíblico fundamental, no que diz respeito à música cristã e a todos os outros aspectos da vida cristã e do ministério cristão.

No entanto, qualquer um pode ter um lado cego. Na verdade, eu não duvido que todos nós temos os nossos lados cegos, haja visto que nós “temos este tesouro em vasos de barro”. E é por isso que “as repreensões da correção”[3] são tão importantes.

A atual defesa do Dr. Garlock de que se pode fazer “uso cuidadoso” de “hinos modernos” de homens como Keith Getty e Stuart Townend é um lado cego muito perigoso, que tem o potencial para desfazer, em uma geração, o bem que ele fez através de uma vida de trabalho divinal.

Em um parágrafo do recente livro de sua filha Why I Don't Listen to Contemporary Christian Music (Porque Eu Não Ouço Música Cristã Contemporânea - Gospel), Dr. Garlock dá uma justificativa pública para a inclusão destas e de outras músicas de tais homens no Rejoice Hymns[4].


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A citação a seguir foi extraída de “Póslúdio” de Frank Garlock para o livro Why I Don't Listen to Contemporary Christian Music (Porque Eu Não Ouço Música Cristã Contemporânea - Gospel), por Shelly Hamilton, Majestic Music. 2013, pp 95-96:


“Em Rejoice Hymns, incluímos algumas músicas que nós não incluímos em Majestic Hymns. Por exemplo, algumas dessas canções não tinham sido escritas há 14 anos atrás, quando eu produzi Majestic Hymns. Houve certa preocupação em relação ao nosso hinário Rejoice Hymns porque ele incorpora a música de dois ministérios, em particular: Sovereign Grace Music (SGM), liderados por Bob Kauflin; e a música de Keith e Kristyn Getty e Stuart Townend (GTM). Nós não questionamos os motivos ou o compromisso espiritual desses ministérios. Muitos dos textos, especialmente os de Getty e Townend, são biblicamente ricos. Townend afirma:

‘É tão importante que nossas vidas sejam construídas não em nossos sentimentos ou circunstâncias, mas sobre a Palavra de Deus, e as canções podem realmente ajudar-nos a meditar, e reter, a verdade. A maioria da minha vida tem sido gasta fazendo melodias para tornar as verdades menos fáceis de serem esquecidas’.

“O maior dilema não está na correção bíblica das letras da SGM e nos escritos da GTM, mas na música. O professor de música Douglas Bachorik, do Bob Jones Memorial Bible College (Bílico Memorial Bob Jones) e o Rev. Ryan Weberg, pastor da Igreja Bíblica Valley View, na Pensilvânia, escreveram An Exploration of the Music of Sovereign Grace Ministries and Getty-Townend (Uma Exploração da Música dos Ministérios Sovereign Grace e  Getty-Townend). Eles afirmam:

‘Nós achamos que SGM tende para um uso pesado de repetição, melodicamente, ritmicamente, e às vezes textualmente, na versão impressa, e mais ainda nas performances. Isso se encaixa bem com as raízes carismáticas dela (SGM) de sua teologia adoração. ... Teologicamente, SGM descreve-se como evangélico, reformado, e carismático. SGM ... parece se contentar em trabalhar exclusivamente em vários estilos de rock .’

“Por outro lado, ‘a GTM tem uma ênfase sobre Doutrina cristã acima da experiência Cristã.” Muito do GTM é escrito num estilo conservador, que tem sido descrito como ‘hinos modernos’. Muitos cristãos conservadores pensam que a GTM se encaixa melhor em suas igrejas que SGM devido à diferença de estilo de escrita.

“Depois de considerar os fatores acima, há uma série de canções GTM e algumas músicas SGM que se encaixam em um estilo de música tradicional escrita e também têm textos bíblicos fortes. Todas as canções do GTM da SGM que estão incluídas no Rejoice Hymns são naturalmente conservadoras em estilo e são fortes tanto melodicamente e textualmente.”

A citação acima foi extraída de “Póslúdio” de Frank Garlock para o livro Why I Don't Listen to Contemporary Christian Music (Porque Eu Não Ouço Música Cristã Contemporânea - Gospel), por Shelly Hamilton, Majestic Music. 2013, pp 95-96:


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Enquanto o Dr. Garlock faz muito boas afirmações em seu longo “Póslúdio” para o livro de Shelly Hamilton, que não incluímos aqui, tais como avisos sobre o mundanismo nas igrejas e a tendência de se deixar de usar hinários[5], DOIS FATOS ESSENCIAIS SÃO GRITANTES EM SUA OMISSÃO.


Em primeiro lugar, na prática, Getty / Townend representam a “igreja mundial”.

Em segundo lugar, fazer uso de seu material é construir pontes para o mundo extremamente perigoso que eles representam. “Fundamentalistas” que constroem estas pontes acabarão por trazer a corrupção daquele mundo para dentro de suas igrejas. Isto vem acontecendo há duas décadas, e o ritmo das mudanças estão aumentando diante de nossos olhos.

Nesta era da Internet, é impossível a utilização de materiais de músicos contemporâneos sem que pontes sejam construídas para que os membros de nossas igrejas as estejam inevitavelmente cruzando, particularmente os jovens. Eles estão indo para o Google de “Getty / Townend”, e muitos deles serão influenciados por eles, e alguns serão influenciados muito profundamente.

Como eu disse, eu nunca soube de uma igreja batista tornando-se luterana, cantando hinos de Lutero ou mesmo tornar-se Católica Romana por cantar um ou dois hinos antigos escritos por católicos (apesar de eu não recomendar este último), mas eu tenho conhecido dezenas de igrejas que se tornaram contemporâneas por andarem de mãos dadas com música contemporânea[6], EMBORA ESTE CAMINHO INVARIAVELMENTE COMEÇA DE UMA MANEIRA “ÍNFIMA” E “SUTIL”.

Dr. Garlock enfatiza que, das 70 músicas do Rejoice Hymns, apenas oito são da SGM (Sovereign Grace) e de GTM (Getty / Townend).

É verdade, mas onde as coisas vão estar daqui a cinco anos? Dez anos? Vinte anos?

Dr. Garlock está justificando o cruzamento de um limiar importante, e será impossível voltar ao ponto onde o erro tenha sido reconhecido (se é que tenha sido).

Em seu “Poslúdio”, Dr. Garlock reconhece que estamos vivendo em uma época de mudanças rápidas. Ele diz:

“Era mais fácil tomar decisões sobre quais hinos incluir 15 anos atrás, porque as linhas haviam sido desenhadas de uma forma mais definitiva do que são atualmente”. Ele admite que “o consenso entre os conservadores também foi muito mais clara”.

Sendo esse o caso, por que deixar a Getty / Townends meter seu bedelho em nossas tendas? É realmente tempo para se brincar com essas coisas? Muitos homens de Deus tem visto Getty / Townend como perigoso. Por que avançar os limites?

Dr. Garlock diz:

“Alguns cristãos têm-nos dito que eles só usam a música dos ministérios com os quais eles concordam totalmente”.

Eu não sei quem diz isso. Eu certamente não disse isso. Eu duvido que esse padrão seja até mesmo possível.

O que eu digo é que é aconselhável evitar a multidão contemporânea  - gospel, incluindo os Gettys, porque representam um mundo muito perigoso.

Quem são Getty / Townend? Eles são realmente “conservadores”? Eles realmente amam a sã doutrina?

As Declarações Conservadoras sãs, feitas por esses homens, devem ser interpretadas no contexto de suas vidas, ministérios e associações. É um caso em que “o que você faz fala mais alto do que o que você diz”. Em décadas de pesquisa sobre o movimento ecumênico, muitas vezes tenho assistido a conferências com credenciais de imprensa e tenho pensado comigo mesmo: “Este homem parece biblicamente são; por que então ele consegue permanecer de mãos dadas com os católicos romanos, com os liberais e com os carismáticos, apoiar as heresias que eles apoiam por suas associações não bíblicas?” Eu não posso responder quanto aos seus motivos. Eu só sei que mesmo um homem sincero pode estar muito errado, e eu sei que o ecumenismo é errado de acordo com a Palavra de Deus. E não é uma questão de luz; é uma parte importante de como a “igreja mundial” está sendo construída.

Considere a seguinte declaração onde o Dr. Garlock cita Stuart Townend:

“É tão importante que nossas vidas sejam construídas não em nossos sentimentos ou circunstâncias, mas sobre a Palavra de Deus, e as canções podem realmente ajudar-nos a meditar sobre e reter verdade.” (?)

A maioria dos “fundamentalistas” que leem estas palavras, concluem que Townend se opõe ao misticismo carismático e é devotado à verdade da Palavra de Deus. Mas se isso é verdade, por que ele é membro de uma igreja carismática que apoia as “manifestações extraordinárias do Espírito”? E como ele pode apoiar o programa Alpha que une carismáticos, igrejas Batistas, Protestantes e Católicas Romanas?

Como aquele pioneiro ecumênico Billy Graham, Stuart Townend é o “Sr. Duas Caras”. Ele fala com entusiasmo sobre a verdade, às vezes, mesmo enquanto permanece de mãos dadas com a “igreja mais ampla”, em todas as suas facetas e heresias e apostasias não bíblicas do fim dos tempos.

Na verdade, Townend é muito radical em seu pensamento doutrinal e parece estar apaixonada por um falso cristo.

Quando questionado, “O que Jesus cantaria?”, Townend respondeu:

“Eu acho que ele estaria fazendo thrash metal ou hip hop ou algo do qual não poderíamos dizer: ‘Ele não pode fazer isso!’. Porque eu acho que ele desafiaria as nossas percepções confortáveis. Eu não sei o que ele iria cantar ou que canções Ele iria cantar, mas eu acredito que ele iria fazê-lo de uma forma que seria surpreendente e, provavelmente, nos chocaria”. (“What Would Jesus Sing?” - “O Que Jesus Cantaria?”, a partir de uma entrevista concedida por Stuart Townen à Série de TV Principles of Praise - Princípios Louvor, 2011, www.youtube.com/watch?v=OCW0oAAna7c).

Será que isto soa como a afirmação de um homem com o qual os cristãos que creem na Bíblia devem estar associando-se? Seria o Jesus thrash metal, hip-hop, “que nos chocaria” de Townend o Jesus que conhecemos e servimos?

Dr. Garlock, este é o Jesus que você quer apresentar a seus netos e bisnetos e aos jovens nas igrejas que você tem tentado influenciar de maneira piedosa?

Quanto ao Gettys, enquanto a sua declaração doutrinária pode ser conservadora, as suas associações são tão radicalmente pró “igreja mundial” quanto sãos as associações de Michael W. Smith, ou Darlene Zschech, ou qualquer outro artista contemporâneo - gospel.

Se os Gettys amam verdadeiramente Palavra e a sã Doutrina de Deus, por que eles (e Townend) deram as mãos em julho de 2012, com o Católico Romano Matt Maher no programa Newsong Cafe em WorshipTogether.com? O programa promoveu a unidade perfeitamente ecumênica, entre Maher / Townend / Getty, num só espírito através da música. Nesses ambientes ecumênicos, nos quais Getty / Townend estão confortáveis, as diferenças doutrinárias verdadeiramente fundamentais são tão sem sentido que elas não são nem sequer mencionadas. Abominações espirituais tais como o papado, a missa, o batismo infantil, a regeneração batismal, e a veneração de Maria foram ignoradas. Judas 3 é desprezado e Romanos 16:17 desobedecido em prol da criação da unidade através da música cristã contemporânea - gospel.

Na verdade os Gettys não são nem mesmo conservadores em sua postura musical. Seu site noz diz que “fundir a música de sua herança irlandesa com os sons de Nashville, são seu recém-adotado lar”. Não há nada conservador ou espiritual nesse sincretismo, pois Nashville representa o coração e a alma da música mundana atual e os Gettys estão confortáveis com isso.

Enquanto os “hinos modernos” dos Getty são bastante conservadores no ritmo, os Gettys não se opõem ao rock & roll. Eles se balançam muito pelo rock pesado em alguns lugares. E enquanto eles não escrevem canções de adoração rock pesado, eles não falam contra isso, tampouco. Na verdade, Keith Getty disse recentemente que ele está feliz com as interpretações agitadas e dançantes de sua música por artistas tais como Newsboys, Ricky Skaggs, Owl City, Alison Krauss, e Natalie Grant, porque “é uma honra” para ele que músicos populares modernos as gravem, e “também é interessante ouvir estas interpretações, pois elas são úteis, ajudando as músicas serem e mais tocadas”. (‘The Gettys Exclusive: Famed Hymn Writers Talk Irish Christmas Tour’ - Exclusiva Com os Gettys: Famosos Escritores de Hinos Falam na Tur Irlandesa de Natal, Christian Post, 02 de dezembro , 2014).

Independentemente de quão sincero Getty / Townend possam ser, e independentemente da forma “conservadora” com que possam parecer, em contraste com alguns dos outros músicos cristãos contemporâneos, e independentemente de quão fervorosamente eles falem sobre “a verdade”, eles não são amigos de uma postura de Fé Bíblica.

Getty-Townend representam o mundo extremamente perigoso da música de adoração contemporânea, tão certo quanto o representam Michael W. Smith, ou Graham Kendrick, ou Darlene Zschech. Eles são um em espírito.

Qualquer ponte que igrejas crentes na Bíblia construam para Getty / Townend é uma ponte para além de Getty / Townend, para hereges como C. S. Lewis, para os mundanos, tais como Bono Vox, para a Igreja Católica Romana, para o movimento carismático, para o mundo do rock secular, até mesmo para os emergentes e adeptos da Nova Era como Leonard Sweet, e para todos os elementos de uma igreja-mundial do fim dos tempos.



Traduzido do texto “Dr. Garlock Misses an Important Point”, por David Cloud, publicado pelo Way of Life Literature em 10 de Novembro de 2015.
Tradução: Pr Miguel Ângelo L. Maciel. Revisão 00. Novembro 2015.




[1] No Brasil suas músicas são predominantes no Hinário Voz de Melodia.
[2] Hino 402, Hinário Voz de Melodia.
[3] Provérbios 6:23.
[4] No Brasil, Hinos de Louvor.
[5] No Brasil, uma das primeiras características de uma igreja renovada e pentecostalizada, ou em processo de renovação carismática, é que ela passa a ter certa “aversão” pelo Cantor Cristão, se este permanece dentro dos padrões de santidade da música conforme a Bíblia nos ensina.
[6] Podemos afirmar que, no Brasil, também nunca vimos uma igreja Batista Fundamentalista se tornar renovada, pentecostal ou liberal por fazer uso apenas e exclusivamente do Cantor Cristão, desde que se permaneça nos moldes sacros das músicas ali contidas, mesmo que discordando doutrinariamente de algumas afirmações de alguns hinos. O mesmo não se pode afirmar quando igrejas locais passam a fazer uso de músicas mais “modernas” e a mocidade cruza a linha desta modernidade, sendo levada a desejar “um pouco mais” da música gospel ritmada.

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